sábado, 21 de abril de 2012

PLANETA EU



Quando percebi, estavam todas amarelas.
A primavera chegou sem eu ter dado conta que o solo já tinha sido rasgado.
De longe não dá para notar. Mas, de perto, elas aparecem demais. Tudo que é visto de muito perto, perde seu encanto e mistério. As espinhas amarelas cobrem minha cara e é uma pena que não posso chama-las de flores.
Parei de chorar na frente dos outros na mesma época que comecei a chorar sozinho no quarto. Sinto o gosto salgado das lágrimas todas as vezes que elas chegam à minha boca, mais não sabem dizer se é bom ou ruim. Talvez eu preferisse o gosto do Danoninho de morango congelado que insistia em chamar de sorvete quando era criança. Mas isso já faz tempo.
O chaveiro rosa escrito “indentities” arrebentou-se do zíper da minha mochila e achei que foi um recado para mim. Lembrei-me de uma frase que li em algum blog: “Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre.” Chego à conclusão de que crescer é se conhecer cada vez menos.
 Hoje o MSN apita, indicando que você encontrou e espero feito idiota você me dar um Oi. É claro que você não diz nada. Eu digito “e ai?” e só fico imaginando você fechando a janela e me ignorando, antes de seu status mudar para “away”. Gostaria de poder culpa as espinhas por isso, mas você nem sabe que elas estão aqui.
Ainda insisto em ler livros e ver filmes que me fazem pensar. Talvez seja o único da minha idade que gosta de fazer isso. Ou eu seja mesmo de um planeta diferente, esperando para ser resgatado e então encontrar aqueles que se parecem comigo.

Inspirado em Esmir Filho,
 escrito por Amanda K.

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